Para Ricardo Balestreri é preciso mudar o modelo das nossas policias a partir, inclusive e principalmente, das Academias de Policia, que não se adequaram à vida democrática. A polícia está longe dos anseios da comunidade e, por isso, está longe também de abrandar a pesada taxa de homicídios no Brasil, 45 mil a cada ano.
Em futuro próximo, isso vai mudar, segundo Ricardo. Atualmente, 180 mil policiais, guardas municipais e bombeiros estão participando de cursos técnicos e de formação humanística, organizados pela Secretaria Nacional de Segurança Pública. “É preciso um capital humano qualificado nas policias estaduais”, disse Ricardo.
Segundo um recente estudo desenvolvido pelo sociólogo brasileiro José Vicente Tavares dos Santos, as academias de policia do Brasil, em vez de ensinar a investigar, mediar conflitos, preservar o local do crime ou proteger os cidadãos, privilegiam o uso da força física e das armas.
A pesquisa revela, também, que as academias de policia acabam sendo formados agentes de repressão e não de segurança pública. Esses treinamentos investem em técnicas arcaicas, com currículos muitas vezes sigilosos. Para Tavares, o currículo das academias de policia está longe da tecnologia, da modernidade. Não há quadros docentes eficientes.
Professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul e da Universidade de Coimbra, José Vicente participa da produção de uma matriz curricular, proposta pela Secretaria Nacional de Segurança Pública. Para ele, não basta o policial acertar o coração ou a cabeça do alvo. É preciso se sentir membro participante da comunidade.