“SUICÍDIO” – ASSFAPOM alerta que a Polícia de Rondônia está Doente

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Neste domingo, mais um policial entrou para a triste estatística do cometimento de suicídio, dentro da Polícia de Rondônia. O que está levando esses militares a se suicidarem? Essa pergunta não será respondida tão sedo se depender da falta de incentivo da SESDEC- Secretaria de Segurança Pública de Rondônia.

Há cerca de três anos, Jesuino Boabaid assumiu a presidência da Assfapom, entidade que luta na defesa dos profissionais militares da PM e BM- RO. E, desde sua posse sempre buscou formas de denunciar o descaso vivido dentro dos quartéis pelos militares, por entender que essa problemática atinge diretamente a vida social do praça. Porém, o executivo que deveria amparar esses profissionais, nada tem feito para diminuir esse número de suicídios que a cada ano vem aumentando.

“O governo tem um olhar distorcido para a segurança pública, porque para os políticos “policiais não dão voto”, o motivo está nos dias de votação. A maioria dos policiais encontra-se de plantão, ou em missões pelo interior, pelos distritos… Então para o político não há necessidade de melhorar esse quadro. Todavia, se os seus seguranças particulares estão bem valorizados, porque ajudar os demais? Desabafou Jesuino”.

Desde 2011 somam-se cerca de oito suicídios dentro da PM-RO, a maioria relacionados com brigas passionais, porém nada é feito para solucionar este problema. E, para piorar esse aumento de 50% em relação ao ano de 2009 e 2010, em 2012 o coordenador de Recursos Humanos da época, Coronel Evaristo de Oliveira Mendes, determinou a suspensão das atividades dos psicólogos, no Serviço de Assistência Social. Tal medida foi denunciada por Jesuíno ao Ministério Público, mas não houve mudanças.

O presidente da Assfapom, que atende cerca de trinta militares e seus familiares ao dia na sede da entidade, lamenta que o único Serviço de Assistência Social da Polícia Militar de Rondônia – SEASSO encontra-se defasado e não oferece programas de atendimentos psicológicos ao policial e sua família que possam reduzir esses resultados. De acordo com informações, faltam médicos psiquiatras e psicólogos para o atendimento. Essa deficiência vem gerando transtornos no serviço policial, sendo que o acúmulo de adrenalina e o stress adquirido no dia a dia tem levado muitos policiais a cometerem agressões dentro do seio de sua família e o pior, o suicídio.

Boabaid relatou que na Secretaria de Segurança Pública existia um tal Núcleo de Estresse da SESDEC, onde segundo informações recebeu o valor de R$ 1.000,000, 00 (Um Milhão de reais), com a finalidade de pesquisar a saúde mental dos PM´s, BM´s e Policiais Civis de Rondônia. Conforme o projeto, a pesquisa seria realizada nos quartéis, batalhões, delegacias, bases e outros lugares em que os profissionais cumprem seus serviços, porém não existem informações de que sequer um médico apareceu por algum desses locais. Fato lamentável.

“O policial passa por 12 horas de serviço de Rádio Patrulha- RP, serviço esse, considerado um dos mais estressantes e perigosos da PM, e ainda não é bem remunerado, não tem uma moradia adequada e sofre pressões psicológicas dentro dos quartéis, como perseguições. O resultado disso é um policial fadigado e cheio de traumas psicológicos”. Disse Jesuíno.

Pesquisa realizada pela FGR revista de Belo Horizonte MG em 2012, revelou que os policiais brasileiros não estão recebendo apoio psicológico como deveriam. Em sua lida e diante de um verdadeiro confronto com a criminalidade e violência, além da falta de reconhecimento da sociedade, percebe-se que o policial passa por um estresse ocupacional muito agravador. Isso desencadeia consequências danosas à sua saúde física, mental e psicológica, além de afetar as suas relações familiares, sociais e profissionais.

Um artigo publicado no Army Times afirma, também em 2012 apontou que o suicídio de militares (inclusive já reformados) representa 20% do total de suicídios nos Estados Unidos. Como os militares representam muito menos do que 20% da população total, as taxas de suicídio entre militares é mais alta do que na população inteira.

De acordo com o jornal Folha de São Paulo o número de policiais militares afastados do patrulhamento nas ruas do Estado para tratamento psicológico subiu 46% no ano de 2011 (o que representa dez baixas por dia). Dados da Corregedoria da PM (órgão fiscalizador) apontam que 907 policiais foram encaminhados para o Programa de Acompanhamento e Apoio ao PM, no primeiro trimestre de 2010. No mesmo período de 2009 foram 622 – sete a cada dia, números alarmantes.

Segundo o representante dos Policiais e Bombeiros de Rondônia, o número pode aumentar. “Não é fácil. Recebo todos os dias, tanto aquele policial que foi chamado atenção pela falta de um adereço da farda, quanto àquele que está pensando em se matar, todos com a mesma reclamação, arrocho nas escalas, logo falta de tempo para a sua família, todos estão no limite”. Destaca Jesuino.

“O governo precisa abrir os olhos para o militar, para a sua família, precisa investir no quadro de psicólogos da PM. Contudo, precisa mudar essa forma de governar, pensando em voto, sobretudo precisa pensar no policial humano, e não no policial como uma máquina.” Finaliza o presidente.

Fonte: assessoria

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